20/08/2004
O artigo anterior, sobre os sacrilégios cometidos na recepção e na aplicação dos
sacramentos, parece ter desencadeado uma onda de revisões de vida. Imediatamente
as pessoas passaram a nos telefonar e enviar e-mails, falando que haviam
compreendido e que agora percebem muitas coisas que aconteceram de errado em
suas vidas. E agora sabem o motivo pelo qual deu errado: Já começou mal,
especialmente o casamento. Coisas que elas de fato desconheciam, porque afinal,
nos dias de hoje parece ter desaparecido do coração da maioria das pessoas, o
sentimento e a noção do pecado. Penso mesmo que a quase totalidade dos católicos
não sabe o que é pecado. Até mesmo os mais antigos, aqueles do tempo em que a
confissão ainda conservava aquele efeito sagrado e superior... que nunca perdeu
e que nunca perderá, já estão sem rumo.
Claro que este efeito maior eu atribuo em primeiro lugar ao fato de um sacerdote
– no caso o Padre Ângelo – haver escrito a parte dinâmica do artigo, e disso se
pode tirar uma série enorme de lições. A primeira delas, é que as pessoas que
buscam a verdade, amam de fato, quando um sacerdote escreve duramente sobre esta
verdade, doa a quem doer, sem se importar com as vozes decadentes, os arautos de
satã, que não querem mais saber da verdade, porque se acostumaram a uma doutrina
particular errada e humana, que prega a já não existência do pecado, quem sabe
na falsa ilusão de que, se o coletivo aprova esta idéia, então ele de fato passa
a não mais existir, ou a não valer. Engano fatal este! O inferno se encheu, nos
últimos anos, dos que pensam assim! Dos que aceitam esta idéia insana! Dos que a
pregam! Dos que deixam de alertar quanto a isto!
A segunda lição – esta serve para a maioria dos pregadores – é que é mentirosa a
idéia de que falar sobre coisas difíceis, sobre as duras verdades da fé, sobre a
doutrina da Cruz e do sofrimento afasta os católicos dos sermões e das igrejas.
Na verdade, os homens precisam, continuamente serem chamados à verdade, chamados
a atenção, porque senão a licenciosidade, o pecado, cresce como uma praga
daninha, que a tudo sufoca e contamina. Os púlpitos, sim, devem ser sempre
usados, para falar do Amor de Jesus, esta a premissa básica. Mas devem, sim, e
também ser usados não como cátedras “light” ou “soft” – leve e suave, que querem
dizer “doce mentira” – mas sim como verdadeiros azorragues de consciência, se
preciso for, como martelos de bigorna quando necessário, a fim de que o povo não
se desgarre de vez, e não sufoque sua consciência do pecado. Mas para isso, é
necessário, primeiro, que aquele que usa este púlpito, cumpra ele mesmo e viva a
doutrina que prega. Senão, a fala é vazia, a voz é morta, e o Espírito não age.
No Testamento Antigo, quando os homens se desgarravam, Deus lhes suscitava os
profetas que vinham alertar o povo. E quando suas palavras, quando os alertas e
avisos de Deus não surtiam efeito, imediatamente o povo era castigado, às vezes
dolorosamente, até que vergasse a fronte e pedisse misericórdia e perdão. E Deus
perdoava! Com a nova Lei e Jesus, o Profeta maior, isso não mais continuou
acontecendo, porque a lei do Amor tinha de tomar curso e firmar seu espaço no
coração dos homens. E dois mil anos se passaram, e chegamos a este momento tão
difícil, a esta situação realmente desastrosa, onde a imensa maioria dos homens
e mulheres simplesmente perdeu a noção do certo e do errado. Pior, onde o errado
está ocupando todos os espaços, sufocando a boa semente. E se Deus não agir,
rápido, a colheita será nula. E Ele agirá, em breve, podem crer!
E, foi em grande parte, dos púlpitos que partiu, pouco a pouco o destroçamento
da noção de pecado. À medida que começaram a diminuir as freqüências às Missas,
aos cultos e às celebrações litúrgicas da Igreja Católica, muitos pregadores
acharam que isto se devia ao que suas pregações duras sobre o pecado, afastavam
os fiéis para estas seitas, exatamente porque lá não se fala em pecado, não se
fala em penas, não se fala em Justiça Divina. Sim, não se fala em castigo, de
sorte que se começou a “rever” a noção de pecado. Começou-se a minimizar seus
efeitos danosos para a alma, chegando-se a ponto de dizer que os pregadores
fiéis eram caretas, “porque em tudo viam o pecado”. Ou melhor: viam pecado em
todas as ações humanas!
Ora, efetivamente não se pode generalizar dizendo que há pecado em tudo, mas
também não se pode chegar ao extremo oposto, e cínico – como chegamos hoje – de
não ver mais o pecado em coisa alguma. Na verdade, a grande evolução deste
aspecto negativo, se deu com o progressivo entendimento de que o demônio não
existe, que ele é uma fantasia dos carolas da Igreja, ou que, se ele realmente
existe, é inofensivo. Esta foi a mais terrível e avassaladora vitória de satanás
sobre os homens. Não existindo, ele pode atuar mais fácil e mais seguro. E
quantos estragos esta mentirosa idéia causou, está causando e causará, até que o
Espírito de Deus arrase com estas falsas concepções!
Ora, a simples separação – conduzida aos extremos opostos – que fazemos entre o
nosso Bom Deus e o maldito, nos leva a entender tudo facilmente. Deus jamais
estará onde houver mal e maldade. Deus é somente o autor do Bem! Ou seja, Ele
não estará jamais onde houver pecado, porque de Deus não vem nada de mal. Por
outro lado então, e por dedução lógica, em todo lugar onde houver mal e maldade,
crime, vício, divisão, discórdia, roubo, corrupção, safadeza, logro,
pornografia, exacerbação dos instintos, drogas, prostituição, maldade,
separações de casais e destruições de famílias, onde houver qualquer uma destas
coisas presente, sempre estará ali o demônio, pois “ele é princípio e autor do
pecado”. Não há como separar os dois! Então, se é verdade que Deus jamais fará o
mal, também é verdade absoluta que o demônio jamais fará o bem. Como podem
alguns achar que ele é “bonzinho”, ou “inofensivo”?
Antes de prosseguir, eu gostaria de deixar umas dicas, para todas aquelas
pessoas que se acharam pecadoras, por fatos acontecidos em suas vidas passadas,
e que as revelações do texto sobre os sacrilégios nos sacramentos trouxeram
angústias e preocupações. A primeira delas é que, havendo desconhecimento real
do pecado – não fingido – a falta não será tão grave, embora sempre falta,
porque a Lei esteve sempre à vista de quem dela quisesse – e devesse – ter
conhecimento. E ninguém poderá alegar diante de Deus o desconhecimento da sua
Lei, porque ela está há dois mil anos diante de nossos olhos. E está seguramente
em todos os corações que não a sufocaram!
Ora, um católico que falta à Missa num Domingo, não pode comungar no seguinte,
sem antes confessar, porque é falta grave, é um dos mandamentos da Igreja, e
eles existem para serem cumpridos. Isso está no Catecismo da nossa Igreja, e
este Catecismo está em pleno vigor. Quem vai à Eucaristia então, sem antes
confessar, vai em consciente estado de pecado grave, porque a lei nunca mudou,
nem mudará. A modernidade não atinge a Lei de Deus, porque ela é eterna e vai
infinitamente além de modernismos passageiros. E está mil vezes acima das idéias
e leis dos homens! SEMPRE! De igual modo uma mãe que aborta, jamais poderá
alegar inocência, primeiro porque todo católico sabe que a vida pertence a Deus,
e somente Ele pode determinar o seu fim, uma vez que a lei de Deus é bem clara:
NÃO MATARÁS! Mas, além disso, existe um Igreja Católica, que é contrária ao
aborto, que sempre defendeu a vida. E se nela até os contraceptivos são
proibidos, quanto mais o frio assassinato de um ser indefeso. Ainda bem que, se
existe o pecado, existe algo MAIOR ainda, O PERDÃO! E muitos, depois que leram
aquele texto, foram ao confessionário para o grande perdão e o maravilhoso
retorno.
A segunda coisa a observar é que o demônio é nosso terrível acusador diante de
Deus.
Ele, espertamente, se planta na linha divisória entre o consciente e o
inconsciente dos homens, e dali sugere sempre a sua idéia maldita. Primeiro, ele
tenta fazer a pessoa crer que isso não é mais pecado. Que a Lei modernizou, a
Igreja também, e mentiras assim! Ou tenta dizer que a maioria já não cumpre mais
aquilo, então está fora de moda. E faz escarnecer daqueles que a seguem! Ou
seja, ele faz tudo para amortecer, para adormecer a consciência, para anestesiar
a alma da pessoa, para a falta cometida, infelizmente conseguindo que muitos
sufoquem a alma, vedem-se ao precioso arrependimento, e não busquem mais, nem o
perdão de Deus, nem o da Igreja.
Vejamos alguns exemplos: As modas! Milhares de mulheres só se sentem bem, se
estiverem vestidas “na moda”. Vem do demônio esta mania de observar o que as
outras vestem, para imitar. E assim, quando a moda é escandalosa e atentatória,
elas tentam se justificar dizendo: todas vestem assim! Viram o ardil? Acham que,
por que todas vestem a mesma indecência, ela deixará de o ser? Preferem ir todas
abraçadas ao inferno? De mesmo modo a fila da comunhão: A imensa maioria dos
sacrílegos sabe que está em falta, mas vai assim mesmo, porque imagina em seu
torto pensar: Se eu ficar no banco, eles vão dizer que sou um pecador! Ora, isso
é um duplo pecado: Primeiro se achar um não pecador, quando todos somos.
Segundo, cometer intencionalmente uma falta gravíssima, o sacrilégio na
Eucaristia. Para terem uma idéia desta desgraça, em toda a minha vida – falo
após a liberação do Concílio – em apenas duas capelas a maioria ficou no banco.
E posso garantir, que não existe um local em mil, que procede assim. Este é um
dos mais diabólicos maus costumes, ardiloso, nefando, que os católicos
aceitaram.
E com isso, devagarinho, chegamos aos dias de hoje, onde se prega abertamente
que confissão não existe mais, que basta se confessar com Deus, que o padre é
mais pecador que nós, que a confissão comunitária substituiu perfeitamente a
sacramental e individual – mentira grave que está levando muitos pregadores,
leigos ou eclesiásticos a purgatórios horrendos – ou ainda pregando a nefasta e
arrasadora Doutrina do erro satânico, de que “Deus perdoa sempre e tudo, mesmo
àqueles que não lhe pedem perdão, nem se arrependem de suas faltas”. Ou seja,
pregam um Deus somente perdão e misericórdia, e não, também um Deus Justiça –
porque Equilíbrio perfeito – esta uma das maiores pragas modernas. E muitas
vezes ele consegue que as pessoas tenham verdadeiro pavor do confessionário, que
tenham vergonha ou medo de se confessar, e assim acabem se enredando em si
próprias, como caramujos mortos dentro da própria casca.
Em outro ardil, quando nosso acusador percebe na pessoa, o firme desejo de pedir
perdão a Deus de sua falta, ou quando mal suspeita que isso possa acontecer e
não consegue mudar, ele muda de tática. Ou seja, turbilhona a cabeça da pessoa
com pensamentos de dúvida, ou fazendo crer que o pecado dela não tem perdão, ou
fazendo crer que ela é uma grande pecadora e não merece perdão, e mesmo tendo a
pessoa já se confessado, ela se sinta ainda em culpa. A estes lembramos que este
é verdadeiramente o pecado contra o Espírito Santo – duvidar da misericórdia de
Deus – achando que o nosso pecado é maior que o perdão, quando Deus, sempre é o
Maior, em todos os atributos de bem e bondade, perfeição e Justiça. Esta é,
afinal, a essência do Amor.
E muitos então se enredam nestes pensamentos negativos, e com isto se angustiam
e sofrem. E assim, há os que vão duas, três vezes, confessar a mesma falta, que
já obteve a absolvição e o perdão de Deus, quando isto também pode ser um mal:
significa duvidar da misericórdia divina, no que se constitui justamente num dos
maiores pecados. O maldito é astuto, é asqueroso, é imundo e jamais desiste da
sua intenção maligna de fazer as almas se perderem. E acontece até que, muitas
vezes, ele apresenta a isca maldita que irá fazer a pessoa se perder, envolta
numa face de coisa boa, quando ardilosamente dentro dela só tem veneno. Sutil
veneno mentiroso, que mata as almas.
Ora, aquele que se confessou, com pureza de intenção, tendo antes de se
confessar feito um firme propósito de não cometer mais aquela falta, e tendo se
arrependido com verdadeira e profunda contrição, pode ter certeza de que Deus já
o perdoou. O máximo então, que pode restar, nestes casos, são as penas devidas
pelos pecados, que nem sempre são apagadas pela penitência imposta pelo
confessor. Sim, porque quase ninguém cumpre com verdadeiro ardor a penitência
imposta pelo ministro de Deus. Se o fizessem, não mais haveria penas a serem
pagas, nem seria necessário o purgatório para aqueles que se confessam... bem!
Então, que todo aquele que se confessou bem – cumprindo todos os requisitos
necessários para que haja uma absolvição verdadeira e não sacrílega – considere
que Deus já o perdoou, e não se torture mais. Não aceite do diabo o convite para
ser infeliz, para viver se mortificando e se mantendo triste. É isso que ele
quer, pois a tristeza não vem de Deus.
Uma outra faceta maldita, que eu gostaria de lembrar – sugestão de um leitor que
teve o mesmo sentimento de não estar perdoado – é que muitas vezes o diabo
consegue fazer com que a pessoa se sinta não somente indigna do perdão, mas
também que não tenha humildade suficiente, que não tenha tido contrição profunda
e arrependimento sincero, ou seja, que tenha feito uma confissão sacrílega. As
pessoas não devem cair neste novo engodo. Olhem para seu coração! Se perceberem
que fizeram todo o esforço humano para conseguir a graça do perdão, imaginem o
quanto Deus – que é maior – não terá achado perfeita a contrição, Ele que é
poder? Sim, Ele está felicíssimo e já perdoou, apagou e esqueceu! Quem somos
nós, então, para ficarmos ainda lembrando disso continuamente e sofrendo?
Em verdade, todos nós, em nossas vidas passamos por estes momentos de
dificuldade e todos temos certos pecados, certas faltas antigas, que sempre
afloram em nossa mente como se nos acusassem de contínuo. Eis porque a Palavra
diz: Meu pecado está sempre à minha frente! Mas é preciso lutar contra estes
pensamentos e cortá-los pela raiz, porque eles não são jamais obra do Espírito
Santo a nos chamar a uma nova confissão, mas sim de satanás, a nos fazer duvidar
do perdão de Deus. Duvidar da misericórdia. Eis aí mais uma astúcia de satanás,
para nos enredar, nos baixar o “astral”, nos deixar preocupados, angustiados,
nervosos, exatamente o contrário daquilo que devemos ser depois de obtido o
perdão de Deus: alegres, felizes e livres de preocupações! De fato, depois de
uma boa confissão, deveríamos todos sentir o desejo de correr, de pular de
alegria como crianças inocentes. E correr pelos campos com o cabelo solto ao
vento.
Vou dar um exemplo que me aconteceu quando criança: Lá pelos meus 12 anos, eu
gostava demais de caçar passarinhos. Naquela época, isso era até prova de
macheza, de virilidade, e todos os homens da nossa localidade eram caçadores, os
grandes com armas de fogo e nós crianças com fundas ou estilingue. Mas eu
gostava também de armar umas arapucas para pegar passarinhos maiores – nunca
gostei dos pequenos – e prendi muitos assim. Certo dia, eu prendi – embora
pequeno – um “trinca ferro”, e o coloquei numa gaiola. Incrivelmente, o
bichinho, depois de alguns dias passou a não mais se alimentar, e emagreceu de
tal forma, que mal podia se movimentar. Era apenas “pele e ossos”!
Então, instado por minhas irmãs, soltei o bichinho que foi subindo nos ramos de
uma árvore, devagar como se respirasse, pulo a pulo, até ficar bem na ponta dos
galhos. Vocês não acreditam: eu tive a maldade de, embora sem mirar e a esmo,
atirei uma pelotada que acertou a avezinha em cheio, e a matei. Não imaginam o
quanto me senti mal. Como me senti covarde, bandido e cruel. Por muitos dias
fiquei assim, sofrido e arrependido, mas era tarde. Não lembro se confessei, mas
se o fosse fazer, certamente o padre me olharia com estranheza, porque todos
faziam isto. Mas se disser que até hoje, passados mais de 40 anos, esta visão
ainda me persegue, é porque é verdade. O diferencial, é que já sei que Deus me
perdoou, já esqueceu, e por isso não me mortifico mais com este fato. Afinal, se
caçar fosse pecado, o inferno estaria cheio de caçadores. O único problema é que
o bichinho estava morrendo. Agora imaginem, o que não sentirá uma mãe que
aborta? Deve ser terrível! Mas nada que o perdão de Deus não apague! Que a
divina Misericórdia não suplante!
Entendido isto, e livres agora de algumas angústias desnecessárias, vamos mais
uma vez explicar a questão do pecado, tentando fazer entender esta questão de
uma vez por todas. E a pergunta é: como diferenciar um pecado leve ou venial, de
um pecado grave ou mortal? Quando uma falta é grave? Quando um pecado é leve? Na
realidade, apenas Deus é capaz de definir milimetricamente a gravidade de uma
falta, atribuir a ela um peso exato, e determinar uma pena justa e perfeita. Nós
todos somos falhos neste sentido, porque julgamos apenas a aparência, julgamos
pelos efeitos externos, jamais pelo espírito e pela real intenção.
Em primeiro lugar, devemos ter em mente que todo pecado – leve ou grave – é
sempre uma ofensa a Deus. Melhor seria, então – para evitar o erro – julgar
pessoalmente todo pecado como sendo grave, assumindo sempre toda a culpa sem
justificativas, deixando a Deus o julgamento quanto à real gravidade. De fato, o
risco que devemos evitar, é o de fazer o contrário: julgar como sendo leve, a
uma falta gravíssima, fato que é a semente e a geratriz do verdadeiro desastre
que é achar que nada mais é pecado. E se não é falta, não se vai mais ao
confessionário. E aí começa o estado de decomposição da alma, pois uma a uma as
virtudes vão sendo conspurcadas, até fazer da alma um lixo desprezível. E sob as
“bênçãos” de satanás, a pessoa caminha até a morte, inadvertida do estado em que
se encontra e pode vir a se perder. Acha que tudo está bem, quando tudo está
mal!
Entretanto o Espírito Santo atua sempre nas pessoas que estão abertas para Deus,
no sentido de mostrar claramente quando se ofendeu a Ele de forma grave. Somente
os que estão longe de Deus não percebem esta atuação. Estes, aliás, preferem
tolamente ignorar os mandamentos da Lei de Deus, na vã esperança que
ignorando-os não serão chamados por eles. Aos que estão abertos à correção, Deus
mostra claramente os caminhos da cura e que levam, sempre, e sem qualquer
subterfúgio, ao confessionário. Aos que estão fechados ao arrependimento, mesmo
assim, Ele revela à consciência o mal cometido, mas estes se negam a pedir
perdão, sufocando a graça e matando a própria alma.
Ninguém, pois, terá desculpas para apresentar a Deus, de suas próprias faltas.
Grave ou leve, cada pecado tem o seu peso medido em gotas de Sangue derramado
por Jesus para nos redimir dele. E cada gota será cobrada, e há de ser paga! No
justo peso, na justa medida! Mas, em tese, o que determina se um pecado é grave,
é o desejo, o planejamento, o conhecimento, a livre vontade consciente de
cometer a falta. Já a inconsciência dela, ou o cometimento involuntário, são
determinantes da falta leve. Então a pessoa questionará: se eu não conheço que
algo é pecado, então nem pecado leve será! Engano pensar assim, porque a Lei de
Deus, sempre esteve expressa na Palavra e no Catecismo da Igreja, e nós temos a
obrigação de conhece-la, de modo que, ninguém poderá dizer: eu não sabia disto!
Pior, é o descaramento daqueles que, como já dissemos, não buscam conhecer a
doutrina de sua Igreja, justamente para não saberem o que é falta ou não. Isso é
cinismo puro, e um pecado gravíssimo! É brincar com Deus!
Também a mudança arbitrária da Doutrina, ou a interpretação falaciosa do sentido
do pecado, tem sido causa de imensos purgatórios para alguns, especialmente
eclesiásticos. Exemplo: distribuir a Eucaristia a casais que vivem maritalmente,
quando a Igreja tem uma clara posição contrária quanto a isto! Também batizar
crianças, quando os pais podem casar, mas decidiram apenas “ficar”. Alguns, é
claro, mentem ao padre dizendo que a criança é filha de mãe solteira. Mas isso é
outro pecado gravíssimo, que resulta num batismo sacrílego. Ou seja: tudo aquilo
que a Lei maior diz, NÃO PODE, é porque não pode e ponto final. Não adianta
firmar-se na falsa idéia de que uma autoridade lhe disse que pode, então não
existe pecado. Na verdade é pecado duplo: do que aprova e o do que recebe o
Sacramento indevidamente. Eu fiquei vivendo 14 anos até conseguir minha
separação no religioso, sem jamais me aproximar da Eucaristia e sem jamais
forçar a barra, porque estava em pecado continuado e isso não dá direito à
absolvição. Se não tenho a absolvição, como posso receber a Eucaristia? Tão
difícil entender isto?
Internamente, bem no fundo de nossa alma, o Criador nos colocou a noção do
pecado, pelo menos na conta do necessário. A medida que determina a intensidade
do pecado é a livre consciência dele. É, ou o livre desejo, ou a queda
inconsciente, que vão determinar o exato peso da falta, grave ou leve. Um
assassinato, pode ser uma falta leve, ou até nenhuma falta, se ele provir de um
ato de legítima defesa, ou ser involuntário. Uma simples mentira, uma calúnia,
pode ser uma falta gravíssima, um pecado capaz de levar à morte eterna, se ele
resultar de um real e intencional desejo de enganar, planejado, astucioso,
proposital e maligno, fato que poderá trazer conseqüências graves àquele que foi
atingido pela língua mentirosa.
Uma brincadeira, um divertimento “inocente” e “seguro” pode resultar em falta
grave, por exemplo, quando põe em risco à vida, dom de Deus. Qualquer tipo de
esporte radical que resulte em morte, não poderá ser levado jamais na conta de
acidente, porque é de fato intencional. É suicídio! Viajar a 350 Km por hora num
carro de fórmula um, é então, sempre, uma falta grave, porque põe em risco a
vida, não só do piloto, como de muitos. E não adianta alegar que o carro é
seguro – o do Airton Sena também era e vejam no que deu! Ele sabia dos riscos!
Saltar de pára-quedas pode ser até legal, mas é falta grave, porque há risco
grave em cada salto e as mortes neste esporte são muitas. Afinal, não fomos
feitos para voar! O alpinismo, idem, pois não somos lagartixas! Os que dizem que
estes esportes radicais, não são pecados são até livres para pensar assim, mas
experimentem ao fim da vida discutir com Deus! Vejam se Ela aceitará
justificativa! Penso até, que este é um pecado mais grave que o suicídio em si,
porque quem comete este, não está bem da cabeça!
Todos os que estão ligados em Deus, percebem logo quando a falta é involuntária,
ou quando ela é deliberada. Já os que estão longe Dele, não percebem isto tão
facilmente, porque satanás camufla astutamente este conhecimento e o desvirtua.
Assim, quanto mais ligada em Deus está a pessoa, mais grave ela própria julgará
sua falta e mais horror terá de a haver cometido. Ao contrário, quanto mais
ligada em satanás a pessoa estiver, menos grave ela julgará seu procedimento
errado, e menos horror terá de o haver cometido. Ou seja, é porque não se ligam
em Deus, que os homens perderam a noção dos pecados e junto com isso, perderam a
vergonha de cometê-los. E com isso seguem todos juntos ao inferno, abraçados! E
“felizes”, porque sufocaram suas consciências.
Segundo “Zenit.org”, deste dia de hoje, 14/05/04, o Papa João Paulo II alertou a
um grupo de bispos americanos sobre a necessidade urgente de promoverem o
sacramento da Penitência, a Confissão, para a qual ele vem alertando desde o
início de seu pontificado. O Sumo Pontífice falou, que “a perda do sentido de
pecado é uma forma ou fruto da negação a Deus”. E durante as últimas décadas,
especialmente, satanás conseguiu amortecer ou adormecer milhares de
consciências, principalmente porque conseguiu calar os púlpitos. E é para isto
que o Santo Padre nos alerta. Quem se distancia de Deus, O nega! Quem O nega,
jamais terá a Luz do Espírito Santo para perceber o alcance de suas faltas. O
mundo não tem mais noção de pecado, porque se afastou de Deus. Mas não pense que
isso ficará assim por muito tempo!
E para que o leitor tenha conhecimento de que o sentido de pecado tem sua raiz
nos próprios púlpitos, vou dar dois exemplos de confissão, de pessoas que me
telefonaram nesta semana depois do artigo sobre os Sacrilégios: A primeira delas
cometeu uma falta por omissão, intencional – portanto de certa forma grave –
para com as coisas da Igreja. Seu filho não tinha ido à Missa no Sábado, e lhe
pediu insistentemente para ela o acordar para a Missa do Domingo, porque ele
chegaria do baile apenas às cinco horas da manhã. “Mãe, não esquece de me
acordar”, foi a recomendação dele! Ele colocou inclusive o despertador, mas não
escutou. E a mãe – com “pena” dele, o deixou dormindo.
Vejam: Ela não esqueceu! O filho havia pedido! Isso é falta sim! Quando ela se
deu conta do erro, foi imediatamente confessar-se, mas o padre a olhou como se
fosse uma criatura vinda de outro planeta e disse: isso não é pecado! Eu não vou
dar-lhe a absolvição e não deu! No outro caso, a senhora foi confessar que
estava se divorciando de seu marido e que o processo está ha poucos dias de
sair. Ela diz que a vida com o marido se tornou de todo impossível, que já
tentou de todas as formas, mas o marido é incorrigível. Ademais seu casamento
foi um erro, uma vez que existe uma diferença de idade de quase 30 anos entre
eles.
São milhares os casos assim, e se não houver o amparo e a assistência da Igreja
nestes casos, ficará ainda pior. É preciso entender a situação e usar do amor.
Mas o confessor lhe deu um raspão, uma séria reprimenda, e a fez passar uma
grande vergonha, e além de lhe negar o perdão e a absolvição – eles já vivem há
quatro anos separados de corpo e de fato – e ainda mandou que fosse se
reconciliar com seu marido. E agora ela fica numa situação de não se sentir
digna de comungar, porque não consegue discernir mais a verdade. Neste caso,
simplesmente se agrava ainda mais o sentimento de culpa, e isso ao invés de
ajudar a alma, a deixa ainda em pior estado.
Ora, o que ambas devem fazer, é procurar outro confessor que este as entenderá.
Sempre haverá um caminho, e este caminho passa necessariamente pela Igreja, e
quando se trata de perdão, o caminho é o confessionário. Isso sem criticar o
sacerdote que não as entendeu, antes rezar por ele, para que receba as luzes do
Espírito Santo. Muitas vezes, eles são ensinados erradamente nos seminários e se
formam mal preparados. Então a culpa caberá aos formadores, estes serão
penalizados mais tarde.
Em suma, é maravilhoso buscar o perdão de Deus, através dos sacramentos da nossa
querida Igreja. O simples fato de o pecador se achar em falta e necessitado de
perdão, já é um início de perdão. Deus, de fato, se amolece inteiro quando
alguém se preocupa com isso e O busca através do confessionário. Porque está
dito: Há mais júbilo no Céu, por um só pecador que se arrepende e vive, do que
por mil justos que não precisam de conversão. E se a gente fica feliz com estes
exemplos de busca, quanto mais ficará o Céu, que vê o fundo da alma e vê o seu
desabrochar para a vida da graça?
Finalizando: Se alguém realmente buscou o perdão, de coração sincero, e se ele
teve o firme propósito de emendar-se – embora ele saiba que poderá cair
novamente – pode ter certeza de que, depois da absolvição, está perdoado por
Deus. E Ele já esqueceu, e não é bom ficarmos lembrando continuamente da mesma
falta, pois isso não vem de Deus. É preciso participar da alegria de ser
perdoado, eis porque, nas Santas Missas, o Glória sucede o momento do perdão. E
assim, também, na vida deve ser. Antes de ficar a lamentar a falta, a
entristecer-se com a própria fraqueza, é preciso buscar na alegria de viver, uma
forma certeira de quebrar as sugestões do maldito acusador. Ele odeia ver as
pessoas felizes e foge, eis porque toda tristeza das almas brota dele.
Antes, pois, de entristecer-se com a própria fraqueza, busque em Deus a força
para não mais cair. Antes de lamentar aquilo que passou, viva a alegria do
retorno aos braços do Pai. Deus ama perdoar! Deus ama aos filhos que pedem
perdão! Ele é Pai. Ele é Bom!
Todo pecado, leve ou grave, é sempre uma GRANDE ofensa a este Bom Deus, pois até
nos Anjos mais resplandecentes Ele vê imperfeições. Quem aceita e compreende
isto, SEMPRE buscará a confissão porque se entenderá pecador. Quem começar a
dialogar com o diabo, tentando justificar-se ou pensando se é grave ou leve,
cedo será enrolado, e achará que todos eles são leves. O próximo passo será
imaginar que o pecado não existe mais. É exatamente onde chegamos hoje: poucos
entendem o grande mal que há nele!
Esta matéria foi retirada do site
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